Cárcere da Emoção
Há tempos me impediram de me emocionar...
me impediram de pensar...
me impediram de sentir...
Carceraram a emoção...
Quando o cantor diz e canta,
Que aqui ainda será um imenso Portugal,
Sim, será e ainda é...
Não, o que queríamos!
E sim o que pregavam, nada sutilmente.
Me impediram de dizer,
Coisas que eu sabia,
E não conseguia dizer,
E coisas que não sabia,
A escola tampou a minha boca!
Quando hoje leio,
Jesuisticamente que despersonalizaram,
Nossa cultura, nossa vivência, nossa etnia,
Nossa educação, nossa experienciação,
Mesmo ainda neste século...
Sim, eu sei e sinto,
E ainda calam a minha boca!
Quando teoricamente leio sobre arte,
E dizem não ser comunicação,
Não ser linguagem,
Pois nada é convencionalmente conceitos!
Sim eu entendo e sinto,
Mas ainda tenho receios ao transmitir,
Mesmo a arte sendo expressão...
Carceraram e carceram a minha emoção, ainda!
Não posso dizimar o que sinto...
Não posso falar tudo que me vem à cabeça,
Pois mesmo sabendo que somos emoção , antes de pensarmos,
E a natureza é tão sábia!
Mas não podemos sermos emoção!
A razão é privilégio, ainda é...
Vivemos no cárcere da emoção!
Esteticamente vamos para a cama,
E fruímos como na arte, na pintura,
Nas artes cênicas, na poesia...
A arte também se transforma no sexo,
E imita a realidade...
E também no momento da razão,
O sexo é tão banal, tão despersonalizado da emoção,
Que se torna utilidade nas mãos capitalistas e políticas...
O cárcere da emoção e do medo!
Também tampam a boca!
Ainda não aprendi lidar só com a razão...
Será que é preciso mudar
Talvez seja por isto é que sofro tanto...
Márcia Rasia
Em 02-08-08