RUDE DESCASO

LEVANTO-ME CEDO,

ABRO MINHA JANELA,

ME DEBRUÇO NELA,

E, A CONTEMPLAR VEJO

A SOLIDÃO QUE ME PERPETUA

PELA PAIZAGEM MOLHADA

HORIZONTE AFORA

E PERCEBO, NESSA HORA,

QUE A MESMA ESTÁ

QUANTO A MIM, SÓ...

EU, ESSE SER MELINDRO,

NÃO TENHO LIBERDADE,

APOSSAR DE INTIMIDADE

PONDO AS MÃOS EM ALGUÉM

FAZENDO AMAR-ME, DE GOSTO,

NÃO A CONTRA-GOSTO,

PRA TIRAR-ME DESSE DESGOSTO

QUE, AO RELENTO ME QUEIMA,

ATO QUE NÃO ME BRONZEIA,

VERMELHIDÃO DE ABANDONO...

DESCASO, ESSE, MUITO RUDE,

QUE ESTOU A SOFRER COLAPSO,

NÃO ME É FALHA, NÃO ME É LAPSO,

ESTAVA-ME SÓ, ESTOU SÓ,

NÃO SEI AMANHÃ, SE ESTAREI SÓ,

SE, O AMOR AGIR A MEU FAVOR,

TALVÊS, ALGUÉM SURJA DO NADA,

E ME VENHA SORRINDO E DIZENDO:

É VOCÊ, O SOLITÁRIO DE QUE DEVO

DAR-LHE PRÉSTIMOS DE AMOR TOTAL...

Josea de Paula
Enviado por Josea de Paula em 27/08/2008
Código do texto: T1148162
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