RUDE DESCASO
LEVANTO-ME CEDO,
ABRO MINHA JANELA,
ME DEBRUÇO NELA,
E, A CONTEMPLAR VEJO
A SOLIDÃO QUE ME PERPETUA
PELA PAIZAGEM MOLHADA
HORIZONTE AFORA
E PERCEBO, NESSA HORA,
QUE A MESMA ESTÁ
QUANTO A MIM, SÓ...
EU, ESSE SER MELINDRO,
NÃO TENHO LIBERDADE,
APOSSAR DE INTIMIDADE
PONDO AS MÃOS EM ALGUÉM
FAZENDO AMAR-ME, DE GOSTO,
NÃO A CONTRA-GOSTO,
PRA TIRAR-ME DESSE DESGOSTO
QUE, AO RELENTO ME QUEIMA,
ATO QUE NÃO ME BRONZEIA,
VERMELHIDÃO DE ABANDONO...
DESCASO, ESSE, MUITO RUDE,
QUE ESTOU A SOFRER COLAPSO,
NÃO ME É FALHA, NÃO ME É LAPSO,
ESTAVA-ME SÓ, ESTOU SÓ,
NÃO SEI AMANHÃ, SE ESTAREI SÓ,
SE, O AMOR AGIR A MEU FAVOR,
TALVÊS, ALGUÉM SURJA DO NADA,
E ME VENHA SORRINDO E DIZENDO:
É VOCÊ, O SOLITÁRIO DE QUE DEVO
DAR-LHE PRÉSTIMOS DE AMOR TOTAL...