A Tempestade
Chove sem parar
Contemplo cada gota que cai
Tempestade que me leva ao passado
Raios de amor invadem os céus
Nuvens carregadas de desejos derramam sua água
Que sinto descer pelo meu rosto
E me acolhe com fervor
De quem já viu o amor na sua frente
Enfrento a ventania da paixão
Mas ela me leva sem que eu tenha alguma chance
De lutar contra sua força
Jogado contra a parede caio e adormeço
Não senti dor, só prazer
Prazer de ser levado pela paixão
E molhado pelo desejo
Sim, acordo de novo
Permaneço deitado, sentindo tudo aquilo acontecer
Verdade? Ilusão? Quem sabe?
Eu vi, senti e experimentei a sensação
De amar sem ser alguém
De ter desejo por alguém
Mas um alguém que não existe
Contemplo o céu dissipando-se
A chuva pára de repente
Levanto-me e caminho.
Ultrapasso a barreira dos sentimentos
Meus olhos buscam e eu encontro
O alguém perfeito
Mas ele ainda não existe
Não passa de sonho, desejo
Estou só. A tempestade parou
O alguém nada mais era que um reflexo
Reflexo da minha solidão na água
Nada além de uma imagem inexistente
Abstrata, incoerente
Alucinado e consciente que tudo aconteceu
Só não existe o alguém
Mas, quem sabe numa próxima tempestade
Não caia do céu gotas de coragem
E as nuvens venham carregadas de alguém
Para eu poder contemplar
Com o alguém que pode um dia existir
A tempestade novamente