SOMOS PÓ E SOMBRA
DOR
Estranho momento finito e negro que penetra na alma em silencio e em sombra, vento forte e frio, terno suor que escorre em minha face, os olhos quase me faltam a visão, as lágrimas que rolam lentamente.
O MEDO
E quando tudo escurecer? E quando tudo silenciar? E os vermes a espera do meu corpo, e quando todos aqui ficarem a mim nada restar. E no leito abandonado em ritual fúnebre, já distante e imóvel. Cercam-me as dores do passado que perdi, o medo de não mais viver o vivido.
ANGÚSTIA (II DOR)
Já não há esperança: adeus criança... adeus jovem... adeus homem...
Criança que vivi em minha infância, jovem de amores e esperanças, homem valente de único amor.
ÚLTIMA DOR
Aproxima-te morte, não posso ver nada apenas tu; vens ao meu encontro como esposa a ao consorte; és bela, teus lábios começo a desejar, teus olhos fixos em mim estremecendo meu corpo teus cabelos negros que atingem tua cintura, estou louco, és bela e plácida.
SUSPIRO
Vagas como o vento em meus rosto. Em silencio se faça a terra, que eu possa saciar a vontade de amar-te, amar-te-hei como a minha própria vida. Juntemo-nos! faça-se do meu leito o teu leito.
EM FIM A MORTE
Morrerei! amor nos una!
Teus lábios tocam os meus, o coração já sem força, o pulso quase já não há. Falta-me o ar, tudo é só uma negra sombra do que já foi. Eis os braços de quem te ama, segue a carruagem...É quente aqui dentro, é horrorosa a paisagem, o meu corpo se faz em brasa o suor não é mais terno. A escuridão invade; não há nenhuma beleza em ti marquei meu próprio fim. É a nossa parada estamos no profundo ponto da terra.
Dor, medo, angústia, suspiro, pó em fim. Nada me restou além da ilusão de um falso coração.
Daniel Costa Oliveira