Sem ninguém

Ao ver a cidade

Suas ruas,

Suas casas

Tão independentes e nuas...

Tem alguém cuidando delas

Dando brilho nas panelas

Pondo no trilho as querelas

Amando os filhos delas

Ao ver as lojas e as fábricas

Tem gente lá dentro delas

Preenchendo-as de vida

Dando o seu sangue por elas

Até o que aparentemente

Sobrevive sem seus donos

Na certa se perde o sono

Ao longe pensando nelas

Porque é que bate então

A estranha sensação

De que não há mais ninguém

Por si sentindo emoção?

Provavelmente na certa

É ilusão de poeta

Tolices da imaginação

De quando a saudade aperta

Que amor em ninguém desperta

Sandices do coração