breve momento

Essa nesga de luz

Essa palavra sibilada em seus lábios

Esse silêncio breve e interstício

E no olhar a sombra do cair da tarde

Esse nefando mal-estar

de estar por estar

para matar o tempo ou

suicidar a alma.

A delicadeza da seda

suspirando ao tato

sensações secretas

o quente veludo

que não aquece.

E nem se esquece do

Frio mordaz a corroer ossos

A queimar faces

que rubram-se

de despudor.

Esse momento

que não é instante.

É uma eternidade contida

aprisionada em fonemas,

em pausas semitonadas

por uma voz contralto.

Esse coral da consciência

a vociferar delicadamente

por entre frestas cranianas

a provocar dor,

latência

e intermitência

entre ser e estar ausente.

Esse abajur a provocar

nostalgia e a escorrer pelas paredes

saudades e suspiros,

há esperanças no copo d’água,

há plural em singular figura

inesculpível

no gesso ou na carne.

Esse esgar de olhos esbugalhados

Atônitos por ver sem enxergar

Atônitos por ver aquilo que não é crível.

Essa nesga de luz a iluminar pouco

o que aparece

mas não transparece.

a translúcida solidão.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/08/2008
Reeditado em 05/08/2008
Código do texto: T1112820
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