O Som do Silêncio
Cale-se! Tenho de ficar em paz
Não aguento, não posso mais
Rádios ligados, goteiras transbordando
Incansáveis celulares, pessoas falando
Seria pedir muito ao mundo, por favor, que façam silêncio?
Chega! Não quero ouvir essa agonia
Não venha com sarcasmo, nem ironia
Inquieta televisão em alto volume
Ouvido está para som, assim como nariz está para estrume
A única coisa que eu gostaria de ouvir agora é o som do silêncio!
Não quero ouvir a Pitty, Mozart, Bach ou Belchior
Nem canções de amor ou o Minueto em sol maior
O rastejar ferroso de trens nos trilhos
O cantarolar de alegres pássaros cantantes
O mugir das vacas ou de meros novilhos
Qualquer som agora me parece irritante
Silêncio!
Ah! que paz!
O silêncio me satisfaz
Isso sim me apraz
Posso até dormir
Não ouço mais
Barulhos infernais ou
Sons apenas banais
Parecia que ia explodir
É tão bom não ouvir som nenhum
Apenas meu coração fazendo tum tum
Assim como o tambor de escola de samba
É! Escola de samba
Eu e uma escola de samba temos muito em comum
O movimento sincopado, no rítmo do Olodum
Samba o samba de raiz e fica bamba
Agora só ouço minha voz
Mesmo assim só em pensamento
Até que seria bom ouvir alguém
Mesmo se fosse em pranto ou em lamento
Ah!
Olá!
Tem alguém aí?
Não ouço resposta...