NOITE DE LUAR

NOITE DE LUAR

Sônia Sobreira

Envolta em negro véu, misteriosa,

a noite vem chegando devagar,

entre os astros reinando gloriosa,

coroada pelos raios do luar.

Nessas noites de luar, quando a terra brilha

salpicando o firmamento de luz prateada,

a minh'alma triste, chora e vagueia

em trilha perdida há muito apagada.

E nessa trilha perdida a lua cheia

percorre em silêncio toda madrugada,

deixando brilhos de estrelas na areia,

transformando em luz, o escuro da estrada.

Noite de luar! Ninguém é mais airosa,

nem o encanto do cruzeiro a brilhar,

nem a estrela cadente esplendorosa

pode o mistério dessa noite usurpar!

E a noite inteiramente apaixonada,

solitária, como eu, busca guarida.

Veste o seu manto negro e ornamentada,

nos braços do luar, sonha enternecida.

Dona dos astros que lançam centelhas,

em seus cabelos trançados de estrelas

dardejam nenúfares de marfim.

Invoco então um sonho, estendo os braços

e a chorar, eu busco pelos espaços,

a ilusão que morreu dentro de mim!