NA BARBEARIA
Sentado diante do espelho
ele se olha no olho
e se vê por inteiro.
Rugas, desconsolo.
Enquanto lhe caem os cabelos.
Um sorriso meio torto,
um olhar meio bobo.
O peso de inúmeros pesadelos.
Sendo atendido naquele momento,
falando-lhe no ouvido o barbeiro
e o toque da tesoura
talvez sejam os únicos carinhos
que esteja tendo
na sua vida tola.
Paga (e mais uma conta paga)
e vai para casa
cumprir a cada dia seu dever,
controlar a cada dia seu prazer.
Enquanto espera, de novo,
seu cabelo crescer
para saber
que alguém um dia lhe espera
para lhe atender...