Almejada calmaria
A virtuosidade que vem da luz,
ofusca a desconhecida nobreza
do caráter da Angel que me seduz.
Sua sublimidade, surgida na aspereza
do abandono, existe no excelso primor
da estrela que me fascina e ainda reluz.
Angel flor que nasce na esperança,
viceja na lealdade e se alimenta
do que se nutre a magnânima perfeição.
Ouso dizer que sem tua sutil promessa
da entrega sem lindes de teu coração,
não vislumbro calmaria na tormenta,
morreria na crudelíssima provação
do desamor, da angústia, sem razão.
Olhos minazes fuzilam-me, na indignação
dos ímpios, quando sem pejo brado aos ventos
o atroz viver no fel que sorvo na imaginação
reclusa, sem a paz necessária dos momentos
felizes que sonhamos viver no Éden adormecidos.
Oh! Flama que arde no entusiasmo da emoção,
chama viva do amor infindo, lenitivo dos merecidos;
guia-me pelas veredas espinhosas da escuridão,
dando-me o merecido descanso dos falecidos,
quando fenecerá de vez o triste poeta da ilusão.