Apenas noite
As vezes um cutelo na cabeça
as vezes eu
a minha irmã sofrendo ausências,
as vezes por vos
tua vizinha com quem ninguém se deita
refrescando com o teu corpo
um três por cento da sua dor
as vezes muito pior
esse passado que nos chama
e ninguém quere que o desperte,
perdura
bem sei
como uma flama na nevoa densa;
um olho moribundo
na pirâmide de Keods
também aquele cão que tenta enterrar um osso
como fruto assumido na amarga desesperação
em momentos o consegue
e nenhum outro chega apupá-lo
as vezes ainda pior
porque não se fecha com elo
a ferida aberta no coração