Último
Vesti-me
com mais bonito vestido.
Procurei pelo sol
e embebi de teus raios meus longos cabelos.
À noite, anterior,
tomei banho de prata
e, enluarada,
deitei-me a sonhar, sem Morfeu.
Seria o último,
primeiro adeus.
Sentei-me
acompanhando suave dança das nuvens.
Esperei pela presença
por cheiro e por cor.
Ouvi um ruído,
chamados
palavras sem sentido
diálogo sem parto
fantasias ao chão.
O quê não se fez
machuca mais que o acto provocando dor,
e a promessa morta,
devir certo da angústia
à espreita, me ilumina.
Morrem células.
Descem lágrimas.
Secam castelos.
Jorra inanição.
A surpresa se compraz de alma vencida
e o tempo vem
ventando
a potência de uma semente natimorfa
em ventre parido.
Ana Perissé