Último

Vesti-me

com mais bonito vestido.

Procurei pelo sol

e embebi de teus raios meus longos cabelos.

À noite, anterior,

tomei banho de prata

e, enluarada,

deitei-me a sonhar, sem Morfeu.

Seria o último,

primeiro adeus.

Sentei-me

acompanhando suave dança das nuvens.

Esperei pela presença

por cheiro e por cor.

Ouvi um ruído,

chamados

palavras sem sentido

diálogo sem parto

fantasias ao chão.

O quê não se fez

machuca mais que o acto provocando dor,

e a promessa morta,

devir certo da angústia

à espreita, me ilumina.

Morrem células.

Descem lágrimas.

Secam castelos.

Jorra inanição.

A surpresa se compraz de alma vencida

e o tempo vem

ventando

a potência de uma semente natimorfa

em ventre parido.

Ana Perissé

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 22/06/2008
Código do texto: T1046352
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