A CABEÇA MAL DORMIDA

Silhuetas de casais através dos vidros

escancaram sombras

nas paredes do bar...

O real da ausência,

e a porta do boteco,

doida sobre os batentes,

a cada vulto que espreita,

fustigado pelo fog da invernia.

O insone mergulho na imagem

da amada

faz o sangue da uva tão precioso.

Cachos de sol na calçada, o dia moreno.

Na boca o sal ardente.

Somente o áspero cabernet sauvignon...

A cabeça mal dormida

e, agridoce,

a esperança indormida

na memória da língua...

– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2008/2009.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1037136