ESSA ESPÉCIE DE DOR

Noite que se aproxima; vazia,
Necessidade enorme,
Quase doentia,
De superar a solidão,
Que o envolve – dorme,
No peito em sofreguidão,
Tenta compor uma poesia,
Os versos perdem-se no vão,
Sente que é um objeto quebrado,
Encostado em qualquer canto,
À espera de ser lançado fora,
Misturada ao seu pranto,
Sobrevém-lhe uma vontade,
De abandonar a realidade,
Ir embora...
Pegar o trem do nunca mais,
Deixar para trás os seus ais,
Passageiro clandestino,
Ocupando o último lugar,
Antes que dobrem os primeiros sinos;
Eternamente viajar...