Décimas do meu tormento

Décimas do meu tormento

I

Pensei ter ganhado o amor

Na roleta do destino

E feliz qual um menino

Fui busca-te sem temor

Sem jamais pensar na dor

Que viria no meu futuro,

Dei um salto no escuro

Sem temer má conseqüência,

Sem mostrar experiência,

De um homem já maduro.

II

Contigo vivi seguro

Mesmo enfrentando pobreza,

Em tudo via beleza

Nenhum trabalho era duro

Achava o teu amor puro

A meu bem maior na vida,

E meu peito deu guarida

A mil sonhos de ventura

Sem pensar em amargura

Nem numa triste partida.

III

Quando veio a despedida

Foi como enfrentar a morte

Mais um orgulho mas forte

Gerei em contrapartida

Concordei com tua partida

Ainda fiz preparativos,

Como fazem os altivos,

Fingi não ver os teus prantos,

E em segredos outros tantos

Verti, qual fazem os cativos.

IV

Mas hoje mantenho vivos

Teus trejeitos na lembrança,

Não alimento a esperança

Também não sinto atrativos

Os meus sonhos são furtivos

Como animal daninho

São pedras no meu caminho

Não me acho, estou perdido

Pois se lembro o tempo ido

Recordo que estou sozinho.

V

Se eu ouço o canto sentido

De um passaro madrugador,

Relembro do teu amor,

Que fez meu peito ferido

Se não tivesses partido

Que bela seria a vida

Pois você minha querida

Foi minha grande alegria,

Que se foi naquele dia,

Deixando-me a alma ferida

VI

Quando de tua partida,

A magoa que aqui ficou

No meu peito se estalou

E a tristeza deu guarida.

Já não encontro na vida

Motivos para alegria

Tudo virou nostalgia,

A dor de mim fez abrigo

Em nada vejo beleza

Só me restou a tristeza

A paz lavaste contigo.

VII

O abismo em que prossigo

Descendo mais cada dia

É como a melancolia

De quem perdeu um abrigo

Só me resta um amigo,

O elo do meu passado

Quando estavas a meu lado

Gozando a vida serena

Hoje só me resta a pena

De um espírito condenado

VIII

Não tenho me perdoado,[

Por haver-te deixado ir,

Pois após te ver partir

Vi meu mundo destroçado

Como um paria abandonado

Sem ter abrigo, ao relento

Não há um único momento

Em que não sinta saudade

Fosse amor, fosse amizade

Tua falta é meu tormento.

Mestre Egídio
Enviado por Mestre Egídio em 12/06/2008
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