a minha existencia
A minha existencia
perecível, sem importancia,
serve apenas como matéria
para o que projecto da realidade
enquanto escrevo.
Há luzes, e sonhos, e luzes
a luz que me acende, que me transcende
quando as memorias se esgotam
e as historias brotam, soltas
pelas palavras, pelos olhos
que nao se olham, nem se calam.
Rasgou-se a noite
e a manha adormecida,
esqueceu-se de acordar.
Fantasias e fantasmas, e amanhãs
e depois.
Talvez um dia, quem sabe...
Silencio. Chuva.
Bebi da água as palavras, gota a gota.
Sem tempo ou geografia.
Cristalizado, um segundo de eternidade.
Pedaços de um filme interrompido
de madrugada.