Querida

Tenho em minhas mãos pálidas você

Tudo o que me restou de corpo e alma sua força me consumiu.

Sem me dar uma trégua me sufocastes

Com pensamentos tão escuros que o claro se viu.

Com você, mergulhei fundo no astro da loucura,

Nesse mundo distante, ninguém nos vê.

Sem meus lábios vivos, tento te deter,

Mas para quem está preso é inútil não querer ceder.

Meus pulsos eu já não sinto;

Minha pele resseca entre este pano molhado.

Pano dourado, presente que você me deu

Pra depois me cobrar tudo o que ofereceu

Que carinhos são esses que

Com dor minha alma fica;

Nesse transe, transitando em meu corpo,

Vou me recompondo até chegar ao abstrato,

Como pude inconsciente ser, tanto tempo deixar-se a perder?

Tudo que tenho é você

Toda a eficácia reter

Deixem-me poesias a ti dizer;

Deixando almas surdas, criando o absurdo

Para eu viver o seu mundo

Para ter de ver o meu tudo que nesse instante é você

Instante momento mágico, vivendo poemas trágicos

Sem rimas, sem vida, sem volta e sem ida,

No mesmo minuto procuro a saída,

Encontro-te ò morte beirando a vida

Sabores amargos restaram na boca

Minha pele traída contrai-se inteira

Te chamo de volta, te chamo querida

Para um novo começo... A longa partida.

FIM

Duda Ramos Macaé