guerreira contemporânea

estrada morta

sem água

de

chão rachado

sulcos sem sementes

semeam a sede e a fome

e se colhe desespero.

estrada morta

em suas margens

jazem cruzes,

onde

dormem mortos

esquecidos e

atropelados pela

dinâmica do mundo

estrada morta

o vento sibila

mantras angustiantes

e ao farfalhar

dos arbustos

confessa-se herege.

eu ando sozinha

nessa estrada morta

sem medo, sem tréguas

ouvindo os segredos

dos passarinhos,

contando os passos

em direção

ao incerto

bússolas não servirão

para me orientar ,

estrelas não

me dirão aonde estou

certezas nada me darão

nem âncoras

e nem naufágios.

eu ando sozinha

norteada pelo infinito

pelos sóis que queimam

ao final da tarde

pelas luas gélidas e alvas

inatingíveis

a servir de cenário

para São Jorge

sou guerreira contemporânea

uso tecnologia e intuição

uso astrologia e exatidão

das máquinas, dos

termômetros,

das palavras

que medem a estória

que medem os homens

e que mentem.

sou guerreira numa estrada

morta e

levando a vida finita

por infinitas formas.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/05/2008
Código do texto: T1009450
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