Desistir é um ato de coragem
Sim, eu digo e afirmo: desistir é um ato de coragem. E não volto um passo atrás com minha concepção. Demorou anos e anos, depois de várias coleções de fracassos, para eu entender: desistir de batalhas em nosso campo imaginário é o melhor caminho a se trilhar. Aliás, existe de fato alguma batalha? Cadê meus inimigos, arqui-inimigos, e será que há mesmo um lugar para onde chegar? Ou isso faz parte das ilusões ilustradas em histórias e quadrinhos, que dizem que, se continuarmos "lutando", iremos "vencer" na vida?
Quem foi o tolo que inventou esse famigerado conceito? Não vamos chegar a lugar algum, e quanto mais idealizamos essa suposta chegada, mais frustrante será nossa caminhada. Sentir-se-á em um labirinto onde se anda, anda, e não se chega a lugar algum.
Eis aqui o segredo: não existe final. A vida é sobre se perder, e é se perdendo que a gente se encontra. Uma hora, seu castelo de expectativas cairá diante do retumbante vento da verdade, e não haverá mais para onde fugir — além de fazer do corpo sua própria muralha. Os castelos também não existem.
Lembre-se: você é sua própria muralha. E, quando se der conta, perceberá que não precisa mais correr, nem sequer fugir. Acalme seu frágil coração — o monstro não irá te pegar. Ele habita apenas em seus pensamentos, criado por sua própria consciência.
Então, eu repito: para que correr, se não há ponto de chegada? Eu prefiro viver sob a serenidade do constante presente. É somente ele que posso modificar — e você, que está lendo, também pode.
A realidade é mental, já diria Hermes Trismegisto. Então, por que insiste em criar estradas sinuosas? Respire um pouco, acalme seu coração e contemple a mortalidade do ser. Lembre-se: sua experiência não é eterna. E então, me diga, o que você poderia estar fazendo agora?
Não hesite em responder — e, principalmente: fazer. Perdemos tempo demais com as coisas arbitrárias da mente e esquecemos os grandiosos castelos que podemos construir em nosso próprio plano.
Olhe para o céu, converse com as estrelas e tenha a certeza: este é o único momento que existe. Então, eu repito: não tenha medo de desistir das fantasias e entregar-se ao agridoce abraço da realidade.