Quando a Alma era um Lugar

O amor que foi tão meu,

já não me quer, eu sei.

O peito dói, é cru,

mas sigo em frente, rei.

A vida em mim caiu,

desmoronou sem par.

O pânico surgiu,

sem tempo pra avisar.

O coração aflito,

a dor a me engolir.

Será que há um grito

que possa me ferir?

Café frio na mesa,

mastigo a solidão.

A praia, a natureza,

só aumentam a aflição.

O quiosque vazio agora,

outros amantes lá.

A onda que devora

o que eu não vou gritar.

Revejo o nosso ontem,

imagens a rodar.

Será que alguém mantém

o amor sem se quebrar?

Dizem que a dor é breve,

que o sofrer é opção.

Mas como é que se deve

aplaca o coração?

Dignidade? Talvez...

Mas dói no mesmo chão.

O que o tempo não refaz,

a saudade dá em vão.

Será que um dia, enfim,

a paz vai me alcançar?

Ou esse amor é só um fim

que insiste em não passar?

Mas se a vida me ensinou,

—mesmo a dor a me moldar—

que o amor que se perdeu

me fez também amar.

E assim, na dor que fica,

na alma que ainda arde,

fica a luz que me aplica

o amor que não se parte.

Teu amor foi sol, depois lua,

rasgou-me em luz e noite crua...

— Morro e renasço em tua rua.

Teu nome é um mar que seco,

mas ainda molha o peito.

A saudade é um segredo

que o tempo escreve em silêncio.

Foi amor, foi dor, foi vida,

agora é só despedida.

Mas no peito, gratidão:

foi meu norte, meu verão.

E o adeus? Só canção.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 31/03/2025
Reeditado em 31/03/2025
Código do texto: T8298450
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