Domingo, ó noite!

I

A vida é esse saxofone tocado

No terminal entre o barulho

Nasce a rosa de todo enfado

Do nada cresce a paz em tudo.

II

Entre a briga a música esclarece

Entre a tristeza sobra a poesia

Nessa flor que rejuvenesce

Eu rimo, assim crio minha vida.

III

Que coisa linda é ouvir o Jazz

Esse improviso ao grosso nítido

Desce assim da cabeça aos pés

Como o susto provocando o grito.

IV

Meu poema nasce desse susto

Esconde a vida, revela por enfado,

Sigo e percebo nada em tudo:

Esse grito sustenido é afinado.

V

E a voz que arranja escape

Demonstra a natureza humana

Se sei? Ora, ninguém sabe

Mas arriscar é parte da fama.

VI

Nessa brisa me falta o ar

Se fui-me, não sei se sou

E se a religião for separar

Só faz parte do meu show.

VII

Entre tantas palavras e ruídos

Escolheu entre o bem e o mal

A música que tanto repito

É a Rosa que Nasce no Caos.

VIII

Se parecer assim mentira, claro

Eu é que repito e devo insistir

Juro por fruto que for sagrado

Juro por tudo ao me existir.

IX

E se a existência é essa promessa

Do outro lado, uma incógnita

Pois essa vida que me arremessa

Terá de repetir, por ser hipócrita.

X

Quem é que pode me coagir?

Não há como calar poesia

E se Platão vier insistir

É que grito, e a rima grita!