Além do Conhecido
No ermo do pensamento, além da luz do saber,
Onde a experiência é véu que o tempo tece a correr,
A complexidade espreita — sombra fria a nos rondar —
E a esperança, frágil chama, já não ousa mais brilhar.
Vejo o que muitos veem, mas entendo o que é velado,
Pensamento solitário, em silêncio, apartado.
Parodiamos a vida, num teatro a nos mentir,
Vestimos fantasias pra fingir ou pra fugir.
Ordenados à ilusão, nossa mente é criadora,
Vivemos sonhos feitos de quimera e de aurora.
Não há voz, não há linguagem que traduza o que é real,
Pois a verdade é um eco perdido no temporal.
E no fim, qual é o desfecho? Só o desconhecido nos responde,
Jornada cega e incerta, no abismo que nos consome.
Mas ainda assim, na treva, resta um verso a murmurar:
"Viver é navegar sem mapa, e mesmo assim sonhar."