UM ENCONTRO NO TEMPO

A lembrança do amor deixado para trás, presente na saudade da alma, dizendo para onde ela quer voltar.

A saudade é um fio de prata fincado no peito,

um lugar antigo onde o amor ficou quieto.

Não se apaga, não se vence — apenas existe,

como a lua que insiste, mesmo quando não se vê.

Ah, o arrependimento! — doce e amargo fruto,

que às vezes me alimenta, às vezes me envenena.

E eu, tolo, rego a semente do que já foi seco,

enquanto o presente vira vento e me leva.

Quantas noites eu busquei, no fundo do copo,

o gosto do teu riso, o sal do teu abraço.

Era sempre mentira: o vinho só doía,

mas a dor era minha, e eu não largava o traço.

Há músicas que doem como um nome esquecido,

há cheiros que desenterram o que foi vivido.

E o coração, traiçoeiro, sussurra baixinho:

"E se a gente tentasse de novo esse caminho?"

Mas o tempo é um rio — não volta, não espera.

E o que fica é o brilho daquela primavera.

Nem melhor, nem pior... só diferente, só ausente.

Um amor que foi tanto que dói na corrente.

E assim sigo, carregando o que não tem conserto:

o teu eco no meu verso, o meu pranto no teu certo.

Porque o amor, quando é grande, não cabe no peito —

vira arte, vira espelho, vira o silêncio perfeito.

Talvez um dia a saudade perca sua asa,

e eu olhe para trás sem pedir outra morada.

Até lá, sou poeta da pena do coração —

escrevendo a dor com tinta de gratidão.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 31/03/2025
Código do texto: T8298234
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