A vida na Existência

Mãos que traçam o tempo, frágeis, breves,

Palavras que voam, sombras de um véu...

O coração sangra em versos leves,

Mas a pena escreve o luto do céu.

No princípio, o riso, a luz deslumbrada,

Infância em flor, tão doce ilusão...

Depois, a estrada, a marcha cansada,

O peso dos pés na própria amplidão.

Ah, presente! Que espelho quebrado,

Reflete o que foi, o que já não é.

Cada instante, um sonho esvaído,

Cada passo, um laço que se desfaz ao pé.

E o futuro? Um mudo, um não-dito,

Um abismo escuro, um eco sem chão.

Passado... saudade que arde e grita,

Cinza de um fogo que outrora era pão.

O agora se esvai, e a vida se esquiva,

Como areia nos dedos, que o vento levou...

E o depois? Sussurro na bruma,

Nada se sabe, só o medo ficou.

Caminha-se, pois, na senda incerta,

Rasgando a névoa com mãos a tremer.

Se o fim é a noite, a escuridão aberta,

Que ao menos o verso possa vencer—

Não a morte, não o olvido cru,

Mas a frieza do eterno vazio...

Que a voz ecoe onde o ser já não está,

E o amor, último refúgio, siga consigo,

Mesmo que o tempo apague a história,

Que a morte cubra de silêncio e pó,

*As palavras, feitas de memória,*

Hão de florir onde o ser já não é . Só pó.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 30/03/2025
Código do texto: T8297453
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