Correndo em Silêncio
Corro.
Os pés batem no chão,
mas não há vento nos cabelos,
não há paisagens que mudam.
Só o eco do próprio fôlego
e a sombra dos passos
que não saem do lugar.
Vejo ao longe a versão de mim
que um dia imaginei.
Mais forte, mais leve, mais viva.
Mas os dias passam
e ela continua lá, inalcançável.
Como se o tempo fosse areia
escorrendo entre os dedos
enquanto eu fico parada,
presa em um vidro invisível
que não sei como quebrar.
E quantos dias deixei escapar?
Quantos sorrisos não dei,
quantas palavras calei
por medo do espelho alheio?
Quantas versões de mim
deixei morrer no silêncio?
Ainda há um jeito de mudar?
Ainda há tempo de ser?
Ou serei sempre essa sombra
correndo em silêncio
sem nunca partir?