SER POETA
Ser poeta é ver o mundo além da janela,
É enxergar poesia na chuva singela,
É dar cor ao vento, ouvir a quimera,
É fazer do tempo sua primavera.
Ser poeta é andar entre o sonho e o real,
Tecer esperanças num fio tão frágil,
É vestir-se de rimas e dores em igual,
É tornar o efêmero um verso imortal.
É brigar com as sílabas, lapidar palavras,
Buscar o inédito, negar as amarras,
É sentir-se um louco no próprio existir,
E na tinta da pena, um dia explodir.
É beber da saudade, é dançar com a dor,
É ser folha ao vento e também trovador,
É o grito calado que o mundo abafa,
E a voz ressoando na página exata.
Ser poeta é um fardo e um dom singular,
É estar condenado a sempre sonhar,
É sentir-se perdido, errante, sozinho,
Mas achar-se completo em cada caminho.
É moldar a tristeza, dar cor ao sofrer,
É rimar despedidas sem se arrepender,
É morrer um pouco em cada poesia,
E renascer inteiro a cada utopia.
Ser poeta é dar voz ao que o mundo silencia,
É ser caos, é ser rima, é ser pura magia,
É saber que há versos até no sofrer,
Pois em cada palavra há vida a nascer.