VIDA CURTA, MOMENTOS ETERNOS
A vida é um rio de instantes,
um sopro — breve e constante.
Nascer é o primeiro verso,
morrer... só o eco disperso.
Entre eles, dias a fluir:
alguns ardem, outros luzem,
há amores que não querem fim,
e paixões que o vento conduz.
Há risos que ecoam no peito,
lágrimas que o tempo enxugou,
memórias que guardam o jeito
de quem partiu e a quem amou.
Há silêncios que cortam fundo,
há abraços que salvam em vão,
há palavras que morrem no mundo,
como estrelas sem explicação.
Há tardes que cheiram a infância,
a café quente, a flor no umbral,
há noites de dor e saudade,
quando a lua é um suspiro final.
Vivemos sem pedir por nascer,
partimos sem decifrar o caminho.
Séculos ou um bater de asas —
tudo é pó, tudo é ninho.
Alguns dias são ouro e fulgor,
outros, cinza e esquecimento.
Mas no fim, quando a luz se apagar,
só um peso vai gritar:
"A culpa é minha, só minha,
por não ter visto — ou não sentir —
que a vida, em seu fluxo, sussurrava:
‘Agarra! Eles vão partir…’"
E quando o vento levar meu nome,
quando o relógio virar poeira,
que eu leve nos lábios o aroma
de ter amado, apesar da canseira.
Que eu saiba que o tempo, veloz,
não apaga, só ensina a guardar:
o brilho dos que se foram,
e o amor — que não deixa acabar.
E nesse rio de instantes,
um sopro — breve e constante.
Nascer foi o primeiro verso,
o último... o adeus disperso.
Entre eles, dias a correr:
alguns ferem, outros aquecem,
há amores que não vão morrer,
e paixões que o tempo esquece.
Há risos que ecoam no peito,
lágrimas que secam no chão,
lembranças que guardam o jeito de quem ficou, com lembranças no coração,
de quem partiu, e virou canção.
Vivemos sem pedir por nascer,
partimos sem saber o porquê.
Longos anos ou um instante —
tudo é sonho, tudo é fé, não bastante.
Alguns momentos são ouro,
outros, sombra e solidão.
Mas no fim, quando a noite cair,
só um peso vai doer no ar:
"A culpa é minha, só minha,
por não ter visto — ou não viver —
que a vida, em seu giro, me dizia:
‘Aproveita! Eles não vão voltar a ser…’"