O Ódio Amoroso e o Amor Odioso

No duelo ardente de um casal ferido,

o amor e o ódio dançam, um só tecido.

As mágoas passadas, em voz inflamadas,

saem das bocas, palavras armadas.

O ego se impõe como escudo e lança,

cada um na sua, sem dar esperança.

Crenças antigas, grilhões invisíveis,

prendem o afeto em laços terríveis.

As feridas da alma, sangrando em silêncio,

criam labirintos de dor e tormento.

Um ama e odeia no mesmo momento,

num ciclo de fogo, paixão e lamento.

O toque que aquece é o mesmo que fere,

o beijo que cura é o que interfere.

O grito que brada, pedindo alívio,

é só um reflexo de um medo cativo.

E assim se consome o laço enganoso,

entre o ódio amoroso e o amor odioso.

Pois quem mais machuca é quem mais se quer,

num jogo de egos, sem nada dizer.

Mas quando há coragem de olhar para dentro,

curando as feridas, soltando o tormento,

renovam-se os votos num novo compasso,

e o amor amoroso renasce no laço.