- Nunca o seu amor foi tudo!

Nunca o seu amor foi tudo,

embora eu quisesse que fosse.

Foi chama que ardeu de repente,

e depois se apagou, sem alarde.

Foi vento que soprou sem rumo,

varreu os meus sonhos na tarde.

Nunca o seu amor foi tudo,

mas ainda me falta, e arde.

Nunca o seu amor foi céu,

mas eu quis que fosse infinito.

Foi estrela que brilhou ao longe,

e apagou-se em um grito aflito.

Foi promessa feita em silêncio,

e esquecida no tempo maldito.

Nunca o seu amor foi tudo,

mas ainda me dói, é um mito.

Nunca o seu amor foi casa,

embora eu quisesse abrigo.

Foi caminho sem direção,

uma estrada sem qualquer destino.

Foi ilusão que alimentei,

com o amargo gosto de um vinho.

Nunca o seu amor foi tudo,

mas ainda o procuro, sozinho.

Nunca o seu amor foi flor,

nem um jardim de esperança.

Foi espinho que segurei firme,

na febre de uma vã confiança.

Foi água que nunca matei,

a sede, a fome, a ânsia.

Nunca o seu amor foi tudo,

mas ainda persiste na lembrança.

Nunca o seu amor foi tudo,

e talvez eu já soubesse.

Foi mar, que à margem neguei,

mesmo sabendo onde estivesse.

Foi rio que secou na várzea,

e eu, miragem que padecesse.

Nunca o seu amor foi tudo,

mas ainda me engano, e não esqueço.

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LAURO PAIXÃO
Enviado por LAURO PAIXÃO em 25/03/2025
Código do texto: T8294021
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