UMA PERCEPÇÃO NOTURNA
Ganhe o presente,
um grande desfecho,
se você pedir:
“Quero acordar vivo.”
(tome essa decisão,
e salve sua rotina);
ou
“Não vou acordar.”
(o que exigi uma série
de concessões).
Imagine as concessões
e ouça quieto as queixas,
de quem sabe
o que você não fez.
Não era ficar rico,
polemizar,
aceitar aquela ajuda.
Não era demorar tantos anos
para perdoar alguém.
Você deixou sim
de pensar no que era evidente;
no que era preciso em toda sua exatidão.
Foi quando a matemática se perdeu
e você se perdeu também.
E agora há pouco tempo para entender,
esse cálculo profundo:
“ O que alguém em vida
pode fazer ou desejar
que evitaria o erro principal?”
Então responderão,
deixando-te com mais dúvidas:
“Ora, bastava não acreditar em Deuses,
mas acreditar na substância,
em tudo que era potência,
tudo que era carnoso para o mundo
e que certamente te levaria à liberdade”.
“A liberdade ocorreu
tão poucas vezes em sua vida,
Vamos lhe mostrar então...”
Você, de súbito, acorda.
Salvou a própria rotina.
Mas agora finalmente carrega,
uma franca questão.