Entre sonhos, devaneios e a realidade que enxergo:

Chuva intensa desce sobre o corpo da terra

Atravessa

Nutre

Desmantela

Sozinha, em casa,

Debruço na janela

Espio o passarinho

Sem pio

Sem choro

Sem vela

Lembro-me que foram anos

Muitas paisagens andei

Reflito o reflexo dos insanos

À medida do tempo que não sei

Nunca encontrei outra alma

Imprudente

Desatenta como eu

Só posso rimar isto com calma

Ou seria negligente?

Eu pensei...

E penei!

Matutei

E trabalhei!

Nada sobrou entre os braços

Tacanhos

Tamanhos espaços

Nada restou das lembranças

Tamanhas

E vãs esperanças

...

Olhei para o céu tão choroso

Não vi seus olhos

As nuvens os encobriam

E os meus corriam

Sobre a face caudalosa

Essa ternura amorosa

Do tempo passando

Eu nada fazendo

A vida gozando bem à minha frente

Um espetáculo de dança

Suas gotas penetrando a pele do chão

Pedindo a benção

Do corpo sedento

Expurgando as máculas

Fixando raízes

Deslocando raízes

Tudo estava certo

Até o motor de um carro me despertar...

----------

noi soul