O QUE SOMOS?
O que nos faz tão humanos, afinal,
Neste mundo imenso e tão desigual?
Seria a chuva que lava a alma,
Ou o sol que aquece e traz a calma?
Somos especiais, mas para quem?
Para o mundo ou só para alguém?
Nos olhos que amam, somos inteiros,
Ou só reflexos, instantes ligeiros?
Seremos divinos em nossa grandeza,
Ou só miragens da própria incerteza?
Somos o vento que sopra e se esvai,
Ou a tormenta que nunca se vai?
Seremos o ar que invade o pulmão,
Ou a chuva que escorre sem direção?
O raio que dança na pele febril,
Ou a sombra que torna o dia sutil?
Somos a luz que desponta ao fim,
Ou o medo que prende no escuro sem fim?
Entre o tormento e a esperança tardia,
O que somos? Mistério e poesia.
Se brisa que canta ou mar a insistir,
Se a noite que cala ou o dia a florir,
Na trama infinita do tempo a correr,
Somos o tudo, o nada, o eterno viver.