CORAÇÃO PARTIDO
O peso da sentença sustida do abandono exprime a ausência da pessoa amada de maneiras imprevisíveis na incompletude, perdemos uma parte da gente, fazendo o coração mais afeiçoado e o resto do corpo sozinho frustrando a esperança além do desespero, pois, a lembrança fica e caminha invisível ao nosso lado, ainda amada, ainda perdida e muito querida, que não superamos nem melhoramos, apenas atravessamos e ficamos estranhados com a dor em um rosto renovado chorando a ilusão de quem ela era, e alquebrado pela verdade de quem ela é.
No silêncio que o abandono traz,
O coração, ferido, não se faz
De paz, mas de saudade e solidão,
Um eco eterno de desilusão.
A ausência, fria, corta como espada,
Deixa a alma nua, em noite gelada.
Perdemos parte do que um dia fomos,
Em pedaços partidos, nos transformamos.
O corpo, agora, é um estranho à mesa,
Frustra a esperança, alimenta a tristeza.
A lembrança caminha, invisível, ao lado,
Um fantasma querido, sempre lembrado.
Ainda amada, ainda perdida,
No peito, uma chama nunca extinguida.
Não superamos, nem melhoramos,
Apenas vivemos, e nos estranhamos.
O rosto renovado, molhado de pranto,
Chora a ilusão de um amor já santo.
A verdade, cruel, nos alquebra a alma,
E o coração partido vira eterna calma.
Mas na dor, há um fio de luz,
Que nos lembra: o amor nunca é uma cruz.
É passagem, é vida, é renascimento,
E no fim, talvez, encontremos o alento.
Coração partido, segue teu caminho,
Na dor, há sementes de um novo carinho.
Pois mesmo ferido, ainda bate forte,
E um dia encontrará a paz, não a morte.