Janela Carcomida
Erguida num costume reservado
Sente a vida com queixo cerrado
Anfitriã de sala sem convidado
Volta-se em si como cão acuado
Dobradiças postas por adornar
Persianas soltas, sem revelar
Feixes de luz atentam entrar
Silêncio - há alguém nesse lugar
Pelo adormecido vão
O Sol entra, santo clarão
Observa com olho sabichão
O interior - fruto de negação
Habitat natural do coração real
Mundo trivial do espírito terreal
Casa natal do sentido literal
Quarto principal do pó carnal
Coberta em mofo, juntas enferrujadas
Rangendo no couro o passar das paradas
Se a implora abertura das cortinas
Veja seu vero interior sem que te oprimas