Retalhos de existência

E de tanto procurar

Sem saber o que procura

O homem

Solitário em sua arrogância sapiens

Divaga num mundo

Que ele destrói todos os dias

As salas de cinema, querida

Não amenizam o sofrimento dos partos mal feitos

Não colocam sobre a mesa, o prato de comida que falta

Não fazem companhia aos velhos abandonados

As salas de cinema lotam, porém

Não tem as cores do arco-íris ao final da chuva

Um dia virá, eu sei

Em que as calçadas serão calçadas

E não cama de gente esquecida

As salas do cinema são confortáveis, não falta nada

E o que oferecem?

Possibilidades, apenas

Não há mais flores nos jardim, não há jardins

O quadro na parede reproduz um rosto desconhecido

Uma carta inacabada jaz sobre a mesa

E na estante, livros esquecidos dos tempos de glória

Acontecimentos e memórias, memórias

Fechar as janelas. O tempo escureceu, vai chover