Quem diria
Poema escrito na pandemia
É... quem diria né, que hoje falar de abraço,
Seria falar de saudade,
Que fazer visitas seria irresponsabilidade,
Que pegar na mão talvez seria fatalidade.
É... Quem diria que não poderíamos
Mais nem se aglomerar,
Aquele churrasquinho em família nem pensar,
Que dançar forró agora é só,
Sem ter mais o par.
É... Que crueldade não poder mais passear,
A moda agora é se isolar,
E a saudade veio em nosso peito morar.
Quem diria,
Nós que não gostamos de deixar ir,
Agora temos que deixar partir,
Com a pior das dores,
Não podemos nem se despedir.
Quem diria,
Nós que reclamamos que nas filas
Os idosos têm preferência,
Agora sobra espaço,
Sofremos as ausências.
Quem diria,
Até nossos sorrisos tivemos que ocultar,
Sorrisos só com os olhos,
Mas nem tem dado tempo,
Pois a única vontade é de chorar.
É... Agora é hora de se reinventar,
Tentar sobreviver a tempestade,
Sem pensar em parar,
Pois apesar dá dor,
A fé e a esperança,
São as únicas armas que usamos para suportar.
14/04/2021