Vulto paranho
Como cheguei até aqui...
Ninguém facilitou nada
Pião de roda, sem corda
Sem força motriz
Sem habilidades clássicas
Pobre feito um chafariz
Morro a cima, Morro a baixo
E o sol rachando a moleira
Quadro indecifrável
Bela obra de arte
Império de nascentes
Cavalo brabo no pasto
Sem carícia, sem aceno
Mas empurrado pelo vento
Achado e perdido no Cânion
Nas áreias do eco pleno
E assim segue o destino
Nas sombras do entardecer
Caibros de cumieira a vista
Arrulhos no amanhecer
Apenas um vulto paranho
Dissolvido nas entranhas
Extremo do ser e do ter
Surgindo e desaparecendo
Como dor latente a crescer
Suporta o marasmo ácido
Do vai e vem no viver
Sem prêmio ou pódio póstumo
Por tudo que ficou por dizer