O banquete do lucro
Nas prateleiras, o brilho engana,
promessas doces em rótulos ocos.
Açúcares disfarçados, veneno em gotas,
a saúde vendida em pacotes rotos.
O trigo é moído, mas não para pão,
vira cola plástica no organismo
Milho transgênico, dourado engano,
em cada grão, o peso do dano.
Cores artificiais, sorrisos pintados,
nos anúncios, corpos falsificados.
Mas no prato, a verdade amarga,
um sistema que a todos descarta.
O animal confinado, vida esquecida,
na esteira da carne, a morte é medida.
E no mar de plásticos, peixes sufocam,
o lucro engole o que os ventos tocam.
E nós, cegos no banquete de oferta,
comemos futuro em porções desertas.
A terra grita, o solo é ferido,
o alimento se torna um inimigo.
Quando, então, faremos a escolha,
de plantar justiça, colher aurora?
Que o prato seja campo de revolução,
um grito de vida em cada refeição.