HIPOCRISIA
No espelho da vida, a sombra dança,
Com dedos apontados, a crítica avança,
Cercado de penas, o ser se engana,
Ergue a voz contra o outro, mas a culpa é insana.
Lágrimas de pedra, a moral desonesta,
Em faces estranhas, a ira se veste,
Mas com os próximos, a mão se ampara,
E o olhar se suaviza, a verdade se para.
Na praça do mundo, o juízo é cego,
Cobra-se virtude, mas esconde-se o apego,
Dos outros se espera a dor da reprimenda,
Mas em casa, o perdão é a regra que emenda.
Assim, a hipocrisia de um ser tão humano,
Que ao errar, se disfarça com riso insano,
E ao apontar o dedo na busca do erro,
Esquece que é falho, e que o amor é o cerro.