VOO LIVRE
A pedra
do Meio do Caminho
de Drummond
era de fato pedra,
pedregulho
ou seriam seixos?
A “Terceira margem do rio”
de Guimarães Rosa,
onde ficaria?
A falta
da ideia exata
sobre uma ave,
pássaro
ou passarinho,
tiraria a beleza
do voo?
A exatidão
mata a metáfora
e poesia é
“voar fora da asa”,
diria Manuel de Barros.
A ideia e a rítmica
nos fazem absortos
e nem nos perguntamos
sobre o sexo dos anjos.
Talvez
o pássaro azul
nem tenha gênero
ou espécie,
somente voe.