ENTRE O DESEJO E O MEDO
Nas sombras ondulantes do ser inquieto,
onde o desejo sussurra em versos ocultos,
o medo tece uma trama de ecos e lamentos,
como um eco distante de desejos sem frutos.
Os dias se arrastam, pesados como orvalho,
cada passo afunda na lama da indecisão;
o coração pulsa num ritmo quase ensaio,
um baile entorpecido de dor e confusão.
Ah, a busca insaciável por cura em pílulas,
em promessas que dançam nas prateleiras —
esquecendo-se, entretanto, as raízes que brotam,
nos campos escuros das almas prisioneiras.
Seriam os remédios o alívio desejado?
Ou meros panos quentes sobre feridas profundas?
O que resta da essência se tudo é mascarado,
num mundo que ignora a dor que nos funda?
Despertar é um ato que poucas almas ousam,
diante do abismo que espelha nosso ser.
Mas na fragilidade, o amor também repousa,
um chamado suave para o novo amanhecer.
Encontrar o fio do conflito escondido,
por trás das paredes que erguemos em vão,
é ao mesmo tempo aterrador e querido,
mas só lá reside a verdadeira libertação.
Entre o desejo e o medo, a dança continua,
um labirinto feito de dúvidas e acessos;
é preciso olhar fundo, quebrar a armadura,
pois só assim deixamos que a vida se expresse.
Autor: Lúcio Escobar Data: 05/01/2025