Transbordar do inominável
não sou capaz de definir
os propósitos do inexplicável
só as batidas do meu coração
protegem esse segredo
no entanto,
as palavras escancaram
o que a boca teme falar,
materializa o indecifrável
hoje não estou fazendo sentido
também não faço questão disso
nem sempre consigo me entender
deixo as pontas dos dedos falarem por mim,
o transbordar do pensamento inconsciente,
em linhas ajuntadas para entregar
a percepção encurralada pela rotina
e pelo velho receio de nada “ser para ser”
repousa um desejo pulsante
de quebrar determinadas normas,
sob a couraça da indiferença
dentro de mim não há espaço para ela
de mãos dadas
posso percorrer longínquas distâncias
se nas noites frias eu puder ter um beijo seu.