Prisões
Eu amo o silêncio!
Enquanto não há alguém capaz de me ouvir
É no silêncio que me ouço
E como amo me ouvir!
Tudo que gostaria de dizer flutua em um fluxo
Sereno e tranquilo
Como um rio de águas caudalosas...
Eu me sento à margem...
E não apenas observo:
Eu ouço aquelas águas
Que embora tranquilas
Possuém em sua superfície pesos
Que não afundam...
Os dedos de acusados
Apontam para mim
Como uma bala bem mirada
No centro de um alvo!
A boca dos imperfeitos
Acreditam que sabem como devo ser e viver.
Os desorientados realmente acreditam
Que sabem a direção que devo seguir...
Eu observo todos eles como ratinhos brancos
Perdidos dentro de um labirinto.
Dizem: "Você precisa se curar!
Deixar o passado pra traz!"
Eu vivo no Aqui e Agora:
Não sou eu a prisioneira do passado.
O passado esta presente constantemente
Em suas bocas e ações:
Como esquecer o passado?
A resiliência só existe
Quando nós a criamos...
A resistência não é reação,
nem insistencia ou teimosia:
É a consciência de que voltar pra casa
É ir pra casa...
Não foi um erro eu estar aqui:
Desejar estar neste mundo é que foi um erro.
Não sou deste mundo
Mas desejei estar aqui...
O que todos tem é uma dádiva
Que eu cobicei...
Todos a tratam como uma bateria:
Só se dão conta que acaba
Quando é preciso recarregar...
E assim como observo e ouço este rio
Eu observo e ouço o tumulto,
O caos, o tormento reprimido por máscaras,
A futilidade disfarçando-se em conhecimento...
Então, quero mergulhar no rio
E aforgar-me nele.
Pois, se fui aprisionada nesta limitada e finita prisão
É dentro dela que quero me manter
Pra sempre!