Silêncio Absoluto
A palavra é uma faca arremessada ao próprio peito.
A inevitável traição, a metástase, a metamorfose, o humano.
Aquilo que dizemos se propaga indistintamente pelo espaço,
E a vontade é o que menos importa contra a inexorável verdade do acontecimento.
A história das palavras não é a história da vida.
A palavra é armadilha, expressão do ódio divino pelo homem.
Obriga-nos ao relento, ao eterno desejo de fazer brilhar a luz mais íntima ou iluminar a noite mais escura.
A verdade habita o mundo do não dito, na lágrima que cai e nada diz.
É a pequena mão que está sempre estendida,
O frio ou o calor de um abraço, o desespero do coração.
A saudade jamais expressada, o espaço entre o último expirar e a morte.
A palavra é o coma da alma, a inatividade, a angústia, o silêncio absoluto [...]