Por Trás da Pressa

Ela ultimamente está apressada. Sempre acelerando meu movimento.

Ela costuma sempre ficar pronta primeiro antes de sairmos. Aquele olhar irritado, prestes a xingar.

Caminhando pela rua, perco-a de vista; talvez assim eu possa desacelerar?

Como uma onda traiçoeira, ela engoliu minha mente. O mar costumava ser calmo.

Eu acordei de madrugada, sufocado; eu não encontrei o ar. Percebi que ela o assegurava em suas mãos. Prestes a desmaiar, ela devolveu meu fôlego.

Ali, sempre oculta, às vezes sussurra para mim. Nunca são boas novas.

Ela deixa pegadas na casa, como quem diz: “Me siga, meu garoto!" Eu tento controlar a situação, mas ela sempre queima a largada.

Quando coloquei algemas em seus pés, ela ironiza, dizendo: “Querido, você quer prender alguém sem nem conseguir sair do lugar?"

Eu cheguei em casa, e, para minha surpresa, ela tinha visita; ao seu lado, no sofá, estava o tempo. Ambos desconversaram ao me verem.

E, claro, mandou ele embora, pois sua desculpa foi que estava com pressa. Eu mal consegui conhecer o tempo; ele parecia ser alguém bastante proveitoso.

Aquele olhar penetrante me julgava, como se minha mansidão fosse seu maior inimigo.

O minuano passou; neste momento, aproveitei para levar a ansiedade até ela, pois senti que precisavam se conhecer. Deixei-as conversando.

“Lucas, Lucas..." chamou a ansiedade minutos depois. Fui até elas, sem entender; vi a ansiedade se despedindo e caminhando lentamente para fora de casa.

Todos se afastam de mim ao conhecer ela. Por que ainda estou com ela?

Depois que ela mandou o tempo embora, os dias têm passado mais rapidamente. As horas perderam o freio.

Sozinho, percebi que outros também sofriam desse mal. Sinto que devemos temê-la. Tudo é sobre ela; quem não dança em seu ritmo, ela se vinga.

Ela era diferente, delicada e tímida. Mas sua natureza foi mudando; eu tentei negar suas mudanças.

DROGA! Essa maldita pressa. Manipuladora, mesmo meu corpo inerte, ela acelera o pensamento.

Encontramos no parque uma velha conhecida, a impaciência. Ao nos aproximar, ela, com ódio em seu semblante, diz: “Você costumava ser mais brava, agora está mais cometida. Até parece eu na infância."

Perplexa, a impaciência seguiu caminhando, tentando compreender se havia perdido sua missão.

Tentando reatar, planejei um dia bonito com ela. Vi que estava calma, então deixei que dirigisse. Mas sua essência fez o carro acelerar cada vez mais.

“Ei, nessa velocidade, acho que vamos bater. Por favor, desacelera."

Pisando fundo, ela curtia a brisa batendo forte em seu rosto.

Alucinada, amava o espanto que via em meu rosto; desta vez, estávamos tão rápidos que era como um sonho para ela.

Tentei pegar no volante, mas já era tarde.

“PACIÊNCIA, PARE O CAR...."