Um Grito Silencioso
Eu não deveria pensar sobre isso, devo me abster,
apenas ouço, observo e faço parte do todo.
Acompanho o processo individual de cada um,
desde o nascimento até o último suspiro.
Mas vou romper o silêncio, pois vejo muitos,
numa eterna corrida contra o tempo.
Estão presos no "dia a dia",
perdendo a essência do "agora".
Sim, é contraditório,
pois isso também vive em mim,
e não posso interferir.
Mas, por favor, entenda:
é esmagador ser invisível.
De forma tão sutil, sem perceber,
estão se sufocando, aprisionados
no ciclo chamado.....
E as amarras?
Ah, eles mesmas se colocam.
Prendendo-se a objetivos e receios,
compromissos, frustrações e prazeres.
Eu sei, no fundo,
cada momento é parte da jornada,
mas, mesmo assim,
é doloroso ser ignorada.
Sou egoísta?
Bem-vindo, eu sou a Vida!
Consegue apreciar minha jornada
ou meu sarcasmo?
Vida, vida, viver —
sou perpétua, contínua.
Nasci antes do tempo,
tudo é parte dessa dança:
viver demais, viver de menos.
Não há um caminho claro a seguir,
cada um carrega sua sina.
Alguns conseguem ver meus rastros,
mas eu não controlo isso.
Acredite, eu gostaria.
Vocês são protagonistas,
em um momento esperado,
e, em outros, meros figurantes —
é frustrante observar essa história.
Eu sou tristeza, felicidade,
amargura, doçura.
Posso ser difícil e sortuda ao mesmo tempo,
caminho a ser conquistada e, por muitos,
questionada.
Não seleciono quem vive ou morre,
quem será afortunado ou não.
Não posso interagir,
não tenho poderes como heróis da ficção.
O que eu realmente sou?
Sou o que você precisa ser,
o que você deseja se tornar.
Consegue me conquistar?
Bem ou mal, estou além do tempo,
o que resta para você?
Desvende-me, conte histórias,
supere-me, conquiste-me!
Por favor, apenas... me note...