A poesia perdida
Ela era poesia, feita de vento e flor,
Ele, sem saber ler, não via o seu amor.
Cada passo dela era verso que fugia,
E ele, sem saber, não sentia a melodia.
Ela era a luz que se acendia no céu,
Ele, perdido, não enxergava o seu véu.
Em cada sorriso, ela desenhava o mundo,
Mas ele só via o vazio, profundo.
Ela era rima, feita de mil encantos,
Ele, perdido, não ouvia seus cantos.
Ela era a luz que iluminava a noite fria,
E ele, sem saber, dormia em sua poesia.
Ela se revelava em palavras sutis,
Escrevia em gestos os mais puros fuzis.
Cada olhar dela era uma estrofe de amor,
Mas ele, surdo ao seu charme, sentia dor.
Ela era poesia, e ele a sua tragédia,
Um livro fechado, sem a sua própria essência.
Ela se escrevia nas páginas da sua carne,
E ele, sem saber, se distanciava da arte.
Ela era a dor que se transformava em flor,
Ele, sem saber, não sentia o seu fervor.
Ela se fazia em cada linha e traço,
E ele, tão cego, não via o abraço.
Ela era poesia, e ele não sabia ler,
Perdia-se no espaço, sem saber perceber.
Cada palavra dela era um céu a abrir,
Mas ele, sem ver, jamais foi a subir.
Ela era a voz que falava sem som,
E ele, sem saber, não ouvia o dom.
Ela era o perfume da alma a exalar,
Mas ele, perdido, nunca soube amar.
Ela era poesia, e ele era o silêncio,
Ela, um mar profundo; ele, um espelho sem reflexo.
Ela falava no vento, na chuva, na flor,
Mas ele, cego e mudo, não sentiu o amor.