É por si só

A calçada era gelada,

Tu andavas descalça e fria.

Reconhecias a jornada,

Caminhando em melancolia.

O vento batia em teu rosto,

E tua alma, exposta, tremia.

As memórias do passado

Te deixavam machucada.

Entre as folhas verdes que caíam,

As gotas d’água reluziam.

Aquele domingo tão vazio

Eram só ecos de maio.

Com o tempo, aprendeste a dançar

Sozinha, ao ritmo da brisa,

E aos poucos, foste a lidar

Com a sombra que te avisa.

Agora és tu, por ti só,

Sem os vazios de palavras,

Sem as fábulas que amarravam

Teu ser em um nó.

O inverno mostrou-te, então,

A frieza de estar vivendo.

Sem olhar para trás,

Apenas seguias chorando.

Desces as montanhas em silêncio,

Olhando para os lados,

Despedindo-te

De um passado desfeito em farrapos.

Felipe M do Carmo e Sofia
Enviado por Felipe M do Carmo em 04/12/2024
Código do texto: T8211815
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