O QUE ERA PRECISO

Ganhe o presente,

um grande desfecho,

se você pedir:

quero acordar vivo

(tome essa decisão,

e salve sua rotina);

ou quero acordar morto.

(O que vai exigir uma série

de acordos e responsabilidades).

Imagine as concessões

Ouça quieto as queixas

de quem está morto há mais tempo

e sabe o que você deixou de fazer.

Não era ficar rico,

ou polemizar

ou aceitar aquela ajuda naquele dia,

naquela hora.

Não era demorar tantos anos

para perdoar alguém.

Você deixou sim de pensar no que era evidente;

no que era preciso,

em toda sua exatidão.

Foi quando a matemática se perdeu

e você se perdeu também.

Nesse momento então, você já morto,

levará muito tempo para entender,

esse cálculo profundo:

“ O que você em vida

poderia ter feito ou desejado

que evitaria os seus erros?”

Alguém responderá então,

deixando-te com mais dúvidas:

“Ora, bastava não acreditar em Deus

ou acreditar na substância,

em tudo que era potência,

tudo que era carnoso para o mundo

e que certamente te levaria à liberdade.

Liberdade que não ocorreu em sua vida,

ou melhor:

ocorreu tão poucas vezes”.

Você, de súbito, acorda.

Preferiu acordar vivo,

mas agora carrega finalmente,

uma franca questão.

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 28/11/2024
Reeditado em 29/11/2024
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