A poesia que é minha

A poesia que é minha

A minha poesia é feita de realidade e não ficção

É de sentimento que enche meu peito e coração

É o sangue que corre em minhas veias

E vai chegando em minhas mãos

A poesia que eu faço é feita de vazio e de abraço

É feita de sonho, de realização e até de fracasso

É de medo e coragem a poesia que eu faço

Dos momentos calmos e das agonias

Da dor e da saudade eu faço poesias

A minha poesia fala do que vejo

Do que não desejo e não gostaria

É feita de protesto e de rebeldia

É dita aos gritos e na calmaria

O que está em minha volta eu transformo em poesia

Faço ela de momento e de movimento

Das noites que passo em claro e do dia a dia

Dos momentos raros de silêncio

Dos tormentos que não são meus

Mas me machucam por dentro

Escorrem entre os dedos e respiro fundo

Coloco na poesia até a maldade que há no mundo

O sonho de liberdade dos que perderam a paz

Diante dos algozes onde nada os satisfaz

Da criança que chora em meio aos escombros

Tão pequena sente o peso da guerra nos ombros

A minha poesia é de quem passou dificuldade e ainda passa

Mas sabe que não é nada diante de tanta desgraça

Chego a temer o futuro quem levanta tantos muros

Ganhando poder e nada poder fazer

Quem carrega uma arma nas mãos

E é capaz de transformar uma nação

A minha poesia é de quem um dia acreditou em Deus

E perdeu a fé em um dia de luto

Depois viu usarem seu nome para pregar o ódio

Então percebeu, diante de tudo isso prefiro ser ateu

A minha poesia é para pedir mais amor

Daqueles que transformaram o ódio em louvor

A minha poesia é de desencanto e de dor

Mas também carrega a esperança de um sonhador

De olhar para o mundo e não deixar de acreditar

Que tudo isso um dia há de passar

A poesia que eu faço é também de desabafo

Que a humanidade não se sinta tão livre para matar

Que a justiça seja maior que impunidade

Que ser quem se é não provoque a maldade

Que se possa viver com a verdadeira liberdade

Que o poder não seja usado para separar

Que o preconceito de lugar ao respeito

Que parem de nos maltratar e matar

Como pode o ódio às mulheres ser tão banal

E para piorar tem gente achando natural

E outros falando que é cultural

Que cultura é essa que querem pregar

A minha poesia é para falar e pensar

E a tanto o que pensar, sobre mulher

Sobre parar, pensar e repensar

E entender que ela pode ser o que quiser

A tanto respeito a se recuperar

Sobre resgatá-lo neste e por este lugar

Que a nossa bandeira volte a nos admirar

Que volte ao nosso peito sem vergonha de usar

Que nenhuma ideologia roube a nossa paz

Onde os que causaram tanta desavença sejam esquecidos

Não exilados, anistiados, ou exaltados

A poesia que eu faço é de quem sentiu a diferença

De quem viu a indiferença em tempos sombrios

Onde o diálogo se perdeu por questão de opinião

E tudo foi motivo para discussão e causou desunião

E por mais que o sentimento não fosse o mesmo

Não havia entendimento, só obsessão

Foram tempos difíceis que deixaram sequelas

Infelizmente parece que serão permanentes

Espero que um dia essa poesia seja lembrada

Que permaneça livre, elogiada ou criticada

Que seja com alegria e felicidade recitada

Que seja esquecida ou lembrada

Como uma poesia onde falo tanto

E tenho medo de nada dizer

É, a minha poesia pode parecer utopia

De quem um dia ousou-a escrever

De acreditar que tudo pode mudar

Quando o melhor seria esquecer

Mas não dá para mudar o que está aqui dentro

Não enquanto a minha poesia prevalecer.

Potiara Cremonese
Enviado por Potiara Cremonese em 27/11/2024
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